ABC Comportamental do Gato, Parte 1


Ter um gato em casa é sempre uma aventura, principalmente para quem tem gosto em dedicar o seu tempo na observação do seu comportamento ao longo de um dia. Quando, na mesma casa, existem mais do que um gato, a questão comportamental torna-se ainda mais interessante, incluindo factores sociais intraespécie.
O engraçado nestes patudos é que todo o seu comportamento, por mais bizarro que se apresente, tem a sua razão; e aqui se centra o objectivo de desenvolver esta publicação: um ABC Comportamental (dividido talvez em duas ou três publicações) para percebermos melhor os nossos pequenos felinos.


Pelo contrário!
Este comportamento não ocorre por não gostar do seu brinquedo nem tão pouco para chamamento de atenção. Os felinos apresentam este comportamento provavelmente porque consideram o seu local de alimentação seguro, calmo, seu, e encontram aí um bom espaço para guardar os seus brinquedos favoritos. Em natureza, estes patudos gostam de levar as presas até ao seu local de "ninho", para as esconderem dos predadores.
Em gatos que se encontrem no exterior da casa, domesticados, também é recorrente que deixem os seus brinquedos ou "tesouros mais vivos" à porta de entrada do dono.



Mais do que controlar, é importante compreender o animal.
Se o gato sibilou, tentou arranhar ou morder as suas mãos (aparentemente sem aviso), mesmo com mimos simpáticos e simples da sua parte, não significa que este não gosta mais de si. O comportamento apenas demonstra que o gato afirma "Obrigado, dono(a), gostei muito do mimo, mas agora já chega!".
Se analisar a situação, provavelmente pode reparar que a sua sessão de mimo foi mais longa do que o habitual ou, como se encontrava distraído com outro passatempo, não reparou no desconforto do animal.



A resposta mais generalizada para esta situação é a demonstração de afecto.
Este comportamento é reminiscente da infância do animal, em que é comportamento normal aplicar pressão com as patas nos mamilos da mãe para estimular o leite a fluir e sair para alimentação do bebé.
Assim, quando este comportamento é demonstrado pelo nosso patudo, ele volta a estes instintos pela forte sensação de conforto e calor que sente. Juntamente com este comportamento, podemos ter ronronar e, até, babar.

Caso lhe seja desconfortável este comportamento, corte as unhas do seu gato e mantenha uma toalha perto de si para o proteger, enquanto o animal lhe demonstra o seu amor.


Este comportamento demonstra aborrecimento do gato, em maior prevalência nos machos.
Estes pequenos patudos precisam de exercício constante e de treinos pessoais das suas técnicas de caça, pelo que um gato indoor, se sem brinquedos e mobiliário adequados, vê no dono a única forma de praticar as suas habilidades.
É importante perceber que o gato não o pretende magoar e, provavelmente, nem percebe que o está a fazer.

Se o seu gato apresenta este comportamento, tente melhorar o seu ambiente com estruturas para arranhar, escaladas, brinquedos e móveis. Caso o animal permaneça com este comportamento mesmo em meio enriquecido, a situação pode ser amenizada com a presença de outro gato em casa.

Outra forma de fugir a este comportamento é transportar, nas mãos, uma bola de brinquedo para o gato: quando aproximado do local de ataque, atirar a bola e tornar o ritual de ataque num jogo. Perante hábito, o animal vai esperar uma bola e esquecer o ataque às pernas.




Por natureza, os gatos são animais nocturnos. A noite é o período principal para estes felinos caçarem, pelo que geralmente é o momento em que mais exploram os móveis da casa e batem em tudo o que é canto.
Outra razão é que, actualmente, as famílias passam o período diurno fora de casa, pelo que o animal apenas sente-se estimulado de noite, pela presença dos seus amados donos. Nesta situação, tente passar tempo com o seu animal e, imediatamente antes de se deitar, alimente o local de 'cama' do gato com brinquedos.


Bibliografia Recomendada:
Bowen, J. and Heath, S. (2008). Behaviour Problems in Small Animals: Practical Advice for the Veterinary Team. 1st ed. Philadelphia, Pa: Elsevier Saunders.

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