Como determinar o Sexo da minha Cobra?


Amada por uns, odiada por outros, a cobra foi sempre um animal peculiar nas opiniões da população. No entanto, são parceiros encontrados cada vez mais frequentemente como animais de companhia.
A escolha da primeira cobra de estimação pode ser um processo complicado, que exige leitura de dicas iniciais e compra de equipamento adequado para garantir uma relação mais duradoura e feliz entre dono-animal.
É importante ter ainda em conta a diferença entre cobra e serpente: a cobra é uma serpente, mas nem todas as serpentes são cobras. Dentro das serpentes, várias são as espécies proibidas por legislação como animais de companhia - no anexo I, pode verificar essa listagem, e saber mais sobre este documento AQUI.


Introdução feita, a cobra é entregue ao seu dono; chega a casa, feliz, bem acompanhado e, quando se prepara para a baptizar: nome masculino ou feminino? A resposta só é conseguida determinando o sexo do animal mas, para estes bichos, não é tão fácil esta análise como nos mamíferos, exigindo prática do observador.


As cobras masculinas possuem um par de hemipene, que são os seus órgãos sexuais: basicamente, como dois pequenos pénis. Estas estruturas encontram-se internas ao corpo do animal e podem sentir-se como duas estruturas tubulares localizadas logo abaixo da abertura cloacal e na continuidade da cauda, de cada lado da linha média da mesma. As cobras fêmeas não possuem hemipene.
Consequência desta anatomia, os machos possuem geralmente caudas - estrutura que se inicia após abertura cloacal - mais longas e grossas do que as fêmeas.

Estas diferenças podem ser fáceis de detectar quando temos animais lado a lado, no entanto são difíceis quando temos cobras isoladas para sexagem.



Tendo em conta as informações do ponto acima, a sexagem pode também ser conseguida com a introdução de uma sonda especial - lubrificada, fina e adaptada para este procedimento - na abertura cloacal da cobra acordada.
Consoante a distância percorrida pela sonda, conseguimos determinar a presença de hemipene ou não, ou seja, determinamos se o indivíduo é macho ou fêmea, respectivamente. A presença de sangue na sonda do animal pode ocorrer, e não ser problemática.
Este procedimento só deve ser feito com duas pessoas (em que uma delas segura o animal e tem a confiança do mesmo), com sondas adaptadas e o indivíduo deve ter experiência oficial na prática.


Esta última forma de determinar o sexo da cobra não é a preferida, porque exige bastante prática e, se executada de forma incorrecta, pode traumatizar a cobra; deve apenas ser feita em animais de porte menor e por médicos veterinários com experiência no método.
Neste método, o responsável pela prática exerce pressão firme e suave com o dedo, imediatamente abaixo da abertura cloacal, até ao aparecimento do hemipene.


A sexagem, embora com maiores encargos económicos, pode também ser determinada por métodos alternativos como a ultrassonografia e a radiografia, com respostas muito coerentes.
Foi feito um estudo em 2007 para comprovar essa mesma eficiência: 17 machos e 10 fêmeas foram identificados anteriormente e enviados para a sala de imagiologia; o técnico que identificou o sexo dos animais não tinha conhecimento prévio do sexo destes. Em ultrassonografia, todos os animais foram correctamente identificados (precisão de 100%) e na radiografia a precisão foi de 81,4%. 1


Artigo:
1. Gnudi, G., Volta, A., & Di Ianni, F. (2009). Use of Ultrassonography and Contrast Radiography for Snake Gender Determination. Veterinary Radiology & Ultrasound, 50(3), 309-311. http://dx.doi.org/10.1111/j.1740-8261.2009.01540.x.
[Livro de Apoio] Aldridge, R. (2011). Reproductive biology and phylogeny of snakes (1st ed.). Enfield, N.H: Science Publishers.
[Livro de Apoio] Divers, S., & Mader, D. (2005). Reptile Medicine and Surgery - E-Book (2nd ed.). Elsevier Health Sciences.

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