Porquinho da Índia: queres falar comigo?


É verdade: eu, Daniela, administradora do Bicho, fiz anos na anterior terça-feira, 23 de Maio. E não podia estar mais contente com a prenda que me calhou - um novo coração patudo para amar, uma nova companhia para partilhar, um novo mundo a explorar, um inocente porquinho da Índia peruano!
A minha ânsia em ter um animal exótico já crescia desde há uns anos atrás; afinal, pouco sentia conhecer desta grande e emergente área, e... o mesmo sentiu-se quando este inocente me veio parar aos braços.
Nunca pesquisei tanto sobre uma espécie como nos últimos dias, mesmo entre as frequências e estudos constantes: senti que tinha na minha responsabilidade um ser exterior, algo desconhecido, e que me apaixonava cada vez mais. Baptizei-o de Johnny e prometi-lhe segurança e amizade.
O caso tornou-se (e tem sido) mais complicado quando verifiquei como se encontrava abaixo do seu peso, com disfunções gástricas e ectoparasitas. Entre um esforço enorme para o tornar forte, reforços vitamínicos e rações humedecidas dadas por gotas de seringa, preocupações diárias e surpresas ternurentas, a minha promessa reforçou-se ainda mais.
Não seria de estranhar, portanto, que esta minha publicação fosse sobre... o porquinho da Índia!


Um dos maiores desafios para os primeiros donos dos porquinhos da Índia (que o diga eu!) é compreender tudo o que este pequeno nos quer transmitir com os seus pequenos sons e movimentos. Estes animais não falam, mas isso não justifica que não tentem comunicar com os seus donos a partir de diferentes mecanismos que têm sido estudados ao longo dos últimos anos: muitos já têm o seu significado e é vital para o seu dono o conhecimento dos mesmos para uma relação reforçada com o seu animal.
Só conhecendo estes comportamentos e sons é que poderemos ser os melhores donos possíveis e reconhecer o estado emocional do nosso porquinho da Índia.

Na publicação de hoje, serão relatadas as diferentes vocalizações dos porquinhos da Índia, independentemente da sua raça. Fica prometida uma próxima publicação sobre todos os seus comportamentos.

Ao longo do dia, um porquinho da Índia feliz gosta de interagir com o seu dono e com outros parceiros presentes, através de diversos sons e ruídos. Ao contrário do que pensava, inocentemente, quando conheci o Johnny, a maioria destes sons são sinais positivos da relação com o espaço que o rodeia e não um repetido lamurio de dores.
Abaixo, a descrição dos sons mais típicos entre estes pequenos roedores, juntamente com um clip demonstrativo desse mesmo som:



O termo é uma espécie de onomatopeia, designando o verdadeiro ruído em si: o porquinho vocaliza 'wheek, wheek, wheek'. Ora, se um cão ladra, um porquinho faz o seu wheeking!
Este ruído, muito comum nestes roedores, é geralmente associado a fome ou ao simples desejo de comer. Se o seu porquinho tem um horário específico para ter as suas refeições, então este barulho será mais recorrente nessas alturas (geralmente manhã e noite). É um ruído muito facilmente detectado quando o dono se aproxima do porquinho com alimento nas mãos, acompanhado com movimentos de orelha e pequenos saltos, quando o entusiasmo atinge o auge. No caso do Johnny, mal este ouve passos na sala começa num autêntico 'wheek, wheek, wheek', à espera que uma guloseima abra a porta para ir ter com ele.
Se o alimento já foi fornecido, então provavelmente o porquinho só quer brincar com o seu dono e passear um pouco, suplicando pelo mesmo. O som também pode ser associado a um pedido de limpeza da caixa, se a mesma se encontra muito suja.
O engraçado neste som é que foi determinado que é exclusivo do contacto com humanos. Em natureza, estes animais não contactam com esta melodia, provavelmente porque nesta situação não tinham alimento direccionado por uma mão até à sua boca. Assim, este é um som consequente da domesticação.



O purring é mais uma onomatopeia para o 'purr, purr, purr' que o porquinho da Índia pode fazer, o qual pode ter diferentes significados consoante a intensidade e linguagem corporal evidenciada.
Quando o 'purr' é profundo, acompanhado de uma posição corporal descontraída, o animal está feliz e o seu significado assemelha-se ao ronronar satisfeito felino; no entanto, caso o 'purr' seja alto, especialmente no fim do ronronar (podendo ser acompanhado de posição de stress), o animal está aborrecido.

Este tipo de som é muito semelhante ao escutado no GROWLING: aqui, temos um 'drr, drr, drr', mas a principal diferença encontra-se no comportamento do animal - há desconforto e stress.
Este som pode ser observado quando há uma ameaça perto, uma mudança drástica no seu ambiente ou pouco espaço físico na gaiola, quando direccionado para outro companheiro. Caso escute esta vocalização, acaricie com calma o animal até ao som se tornar num 'purr' ofendido.



Semelhante ao purring, mas com vibração do corpo e intensidade sonora mais baixa. Este som apenas é ouvido quando existem, no mesmo espaço, uma macho e uma fêmea, pelo que donos com animais do mesmo sexo provavelmente não irão detectar esta vocalização com o mesmo significado.
Desta forma, este é um som de cortejar do macho para com a fêmea, acompanhado de uma dança especial para a ocasião: começa a mexer mais a anca em torno da fêmea, designado este comportamento como motorboating ou rumblestrutting.
O som também pode ser produzido pela fêmea, para avisar o macho que esta se encontra em cio.
Quando o som é ouvido entre membros do mesmo sexo, acompanhado do elevar dos pêlos da região cervical, é promovido com o intuito de manter a liderança do macho em grupo ou então para uma fêmea se exibir mais do que as restantes. Também pode ser produzido por desconforto, quando o dono acaricia no local errado.



Esta é uma vocalização com significado ainda desconhecido. Assemelha-se ao chilrear de um pássaro e só alguns porquinhos o vocalizam.
Pensa-se que está associado a medo ou ao pedido de alimento por parte dos porquinhos bebés. Acredita-se também que está associado a um conflito emocional, ocorrendo geralmente de noite.
A nível comportamental, o animal parece estar num estado de trance.


Ocorre sempre que o dono dá uma nova porção de feno ao seu pequeno patudo, e este, feliz, espalha o alimento com a boca pelos seus pés. É um som calmante e pacífico e que, a meu ver, dá muito gosto de escutar.



(Ver vídeo principalmente na parte final, onde o choro é mais sentido.)

Este é um som pouco positivo, caracterizado como um gemido agudo e que revela um animal aborrecido, perturbado ou incomodado.
Pode ser ouvido quando o roedor acorda sobressaltado ou quando o dono pega neste de modo desconfortável, começando o mesmo a resmungar.



Vocalização agressiva, caracterizada pelo bater rápido e repetido dos dentes, bem como (algumas vezes) pelo elevar da cabeça e mostra dos dentes. É interpretado como 'Fica longe!'.
Este som é comum quando um novo elemento é adicionado numa jaula: o que acontece é que o antigo residente apenas quer advertir o novo sobre o seu território e espaço pessoal. Nestas alturas é necessária vigilância dos comportamentos pois, caso a situação se torne agressiva, é necessário o dono separar os mesmos; após separação, o ideal é esperar que ambos os animais se acalmem e fazer a re-introdução novamente, repetindo este procedimento até se aceitarem.
Os resmungos e dentes a bater são comportamentos normais e essenciais para manter uma boa hierarquia na jaula, porém as agressões devem ser evitadas e é neste momento que o dono deve actuar.


É um grito alto, angustiado, que deverá ser raro se o seu animal se encontrar em local seguro e amado. Este som apenas ocorre quando o porquinho da Índia detecta um perigo, sente dor ou desconforto. Pode acontecer se um dos elementos da gaiola morder o outro.
Quando esta vocalização é escutada, o dono deve dirigir-se rapidamente ao local e tentar acalmar a situação.



O som de tosse e espirros pode ocorrer por várias situações: muitas delas podem não acarretar preocupação, visto que são várias as causas deste acontecimento; no entanto, se a situação for acompanhada por problemas respiratórios ou outros sintomas de doença, deve recorrer-se a um médico veterinário urgentemente.
Dentro das causas de tosse temos:

- Comer e/ou beber muito rápido, sendo uma situação sem grandes preocupações;
- Irritação na traqueia, como a presença de pó e alergia ao mesmo (avalie o tipo de cama que está a fazer para o seu patudo, será a mais apropriada?);
- Infecções respiratórias superiores, de causa bacteriana e de tratamento urgente, geralmente acompanhadas por falta de apetite;
- Obstrução da garganta, sendo necessária intervenção veterinária urgente.


Outros sons podem existir, como é o caso do Cooing (transmite tranquilidade, geralmente de mãe para filhos) ou Hissing (também com os dentes a bater, sinal de desconforto).
O conhecimento de todas estas vocalizações é de importância extrema para o desenvolvimento de um porquinho da Índia saudável e feliz, aplicando-se o mesmo ao dono e a todas as surpresas que pode obter do seu pequeno patudo!

PS: Fica atento ao Facebook do Bicho (conhece aqui). Se não o conheces, além das curiosidades e notícias partilhadas quase diariamente, estamos a organizar o início de um journal sobre o nosso Johnny. Vai ser bom acompanhar; contamos contigo?

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